quinta-feira, 18 de abril de 2013

«Diários Portugueses (1969-1976)», de Curt Meyer-Clason


Diários Portugueses (1969-1976)
Curt Meyer-Clason

Tradução, posfácio e notas de João Barrento

ISBN: 978-989-8618-45-0
Edição: Abril de 2013
Preço: 22,64 euros | PVP: 24 euros
Formato: 16x22 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 416

[ Em colaboração com o Goethe-Institut ]

Curt Meyer-Clason (1910-2012)
 
escritor e tradutor, foi director do Goethe-Institut em Lisboa entre 1969 e 1976.

João Barrento — Diário de Notícias, 2.º caderno/Cultura, 4 de Setembro de 1980:
Curt Meyer-Clason não precisa de apresentações em Portugal. A sua acção cultural, no sentido mais amplo do termo, durante os sete anos em que dirigiu o Instituto Alemão de Lisboa, constitui credencial suficiente para quem, nesta cidade e neste país, está minimamente atento ao que se passa à sua volta. 
[…] 
Ao longo das suas 400 páginas o discurso flui, variado e vivo, cheio de nuances e de uma invulgar capacidade de observação de pessoas e de factos, que nunca valem por si, mas sempre por aquilo que revelam de uma situação existencial, política e cultural. É uma crónica literária de um dia a dia cheio de revelações e descobertas, em que as mais pequenas coisas, mesmo a conversa aparentemente mais estéril ou o mais seco papel oficial, se transformam num meio de chegar às mais recônditas e por vezes insuspeitadas formas de pensar e agir de dois povos e de dois mundos, entre os quais Meyer-Clason se situa. Situação nada cómoda para quem, desde que pôs pé neste país, procurou agir à margem de (entenda-se: quase sempre contra) receios diplomáticos, interesses económicos e estratégias  políticas, e assim transformar o seu Instituto num dos mais vivos e abertos fóruns culturais de Lisboa, uma cidade antes entorpecida e reprimida, e depois um pouco perdida na doce anarquia dos primeiros tempos da Revolução.

João Barrento — Depois de traduzir os Diários Portugueses, 25 de Fevereiro de 2013:
O que fez na Lisboa entre a primavera marcelista e o período pós-PREC poucos o fizeram: chega a Lisboa e em pouco tempo muda a paisagem cultural de uma cidade meio adormecida e espartilhada pela censura de uma ditadura disfarçada, isolada e já descrente de si mesma. E fá-lo entrando pela porta da esquerda, de uma esquerda certamente não coesa, marcada por tonalidades que os Diários espelham, e que vão da mais ortodoxa à mais festiva. Mas também abrindo portas que o regime normalmente fechava, trazendo ao seu Instituto figuras, alemãs e não só, que só aí poderiam ser vistas e ouvidas, fazendo germinar sementes que o terreno estéril da ditadura não conhecia. Aí, no «Goethe» desses anos, como escrevi algures, «podiam pensar-se coisas que cá fora eram impensáveis». 
[…]
O homem e o livro formam uma unidade e apresentam-se-me hoje, na releitura, na reescrita da tradução e na rememoração de muitos episódios que também vivi, como um todo heterodoxo e assistemático, colorido e vibrante, sem deixar de ter uma linha de pensamento clara. Estes Diários lêem-se como uma narrativa empolgante, cheia de suspense, ironia e humor. O resultado é um retrato único de Portugal e dos Portugueses antes e depois de Abril — fascinante, reverberante, apaixonado e crítico, e as mais das vezes intuitivamente certeiro. E é também um retrato bastante fiel do Curt Meyer-Clason que conheci nos anos de que se ocupam os seus Diários Portugueses.

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