terça-feira, 22 de julho de 2014

«Tratado dos Olhos», de Júlio Pomar



Tratado dos Olhos
Júlio Pomar

Textos de Sara Antónia Matos, Paulo Pires do Vale, Catarina Rosendo

ISBN: 978-989-8566-61-4

Edição: Julho de 2014

Preço: 11,32 euros | PVP: 12 euros
Formato: 17X21 cm (brochado) | Número de páginas: 128 (a cores)


[ Em colaboração com o Atelier-Museu Júlio Pomar ]

procure-o na sua livraria habitual

A exposição «Tratado dos Olhos», patente no Atelier-Museu Júlio Pomar de 28 de Fevereiro a 28 de Setembro de 2014, pretende dar a ver o universo de referências do pintor, a matéria conceptual e ideológica que se esconde por detrás da sua obra. Embora o pensamento subjacente à obra apareça por entre as materializações plásticas que a mesma adquire, nem sempre explícita, uma nova forma de arte (como uma nova forma de pensamento, como uma nova forma de vida), sobretudo uma nova forma de olhar, edifica-se através das múltiplas fontes que um autor percorre, que problematiza, em que se perde. A exposição surge da necessidade de mostrar o modo como o olhar do artista se foi enformando para devolver outras versões da história através das pinturas produzidas. Perceber o olhar do pintor, o modo como o seu pensamento plástico se edificou ao longo do tempo, exigia conhecer a sua biblioteca, os pares de que se faz acompanhar isolado ou em tertúlias, em cafés ou na companhia de livros, solitário ou nas relações que estabeleceu com as obras dos seus pares, enfim, com a história da arte. [Sara Antónia Matos]

Júlio Pomar [Lisboa, 1926] vive e trabalha em Paris e Lisboa. Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e as Escolas de Belas-Artes de Lisboa e do Porto. No início da sua carreira, foi um dos animadores do movimento neo-realista, desenvolvendo uma larga intervenção crítica em jornais e revistas. Tem-se dedicado especialmente à pintura, mas realizou igualmente trabalhos de desenho, gravura, escultura e «assemblage», ilustração, cerâmica e vidro, tapeçaria, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo. Foram-lhe atribuídos vários prémios, nomeadamente o Prémio de Gravura (ex aequo) na sua I Exposição de Artes Plásticas, em 1957, o 1.º Prémio de Pintura (ex aequo) na II Exposição de Artes Plásticas, em 1961, o Prémio Montaigne em 1993, o Prémio AICA-SEC em 1995, o Prémio Celpa / Vieira da Silva, em 2000, e em 2003 o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso. Além de diversos textos publicados em revistas e catálogos, sobre outros artistas e sobre a sua própria obra, Pomar é autor de livros de ensaios sobre pintura.

«Foto-radiografias», de Augusto Bobone



Foto-radiografias
Augusto Bobone

Textos de Margarida Medeiros e António Maria Reis Pereira

ISBN: 978-989-8566-58-4

Edição: Julho de 2014

Preço: 9,52 euros | PVP: 10 euros
Formato: 22x16,5 cm (brochado) | Número de páginas: 112 (a cores)

[ em colaboração com a Fundação EDP ]

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Em 1895, Wilhelm Conrad Röntgen, físico alemão, descobriu por acaso os Raios X, enquanto fazia experiências sobre radiações causadas pela passagem de uma corrente eléctrica num tubo de vidro no vazio, utilizando o chamado tubo de Crookes. Anunciada oficialmente em Janeiro de 1986, a sua recepção em Portugal foi precoce e as primeiras experiências foram realizadas na Universidade de Coimbra, a 3 de Fevereiro de 1896, pelo Prof. Teixeira Bastos, com a ajuda do fotógrafo profissional Adriano Sousa e Silva. Em Lisboa seria Augusto Bobone, fotógrafo reputado da Casa Real, com atelier na Rua Serpa Pinto, a colaborar, cerca de um mês e meio depois, com o professor de física Virgílio Machado. A caixa de Raios X, apresentada à Real Academia das Ciências de Lisboa em 1897, fruto de múltiplas experiências levadas a cabo pelo fotógrafo, é um ex-líbris de importância mundial, não apenas pela qualidade e diversidade das suas imagens, como pela quantidade de amostras apresentadas (46).

A aplicação dos Raios X não foi apenas, mesmo no seu início, um assunto da Física e da Medicina. Na literatura, nas artes e em artigos de jornais, a sua recepção foi marcada por grande euforia e excitação, misturadas de ansiedade e divertimento. Da transparência do corpo inferia-se a transparência da alma, ao mesmo tempo que a exposição do esqueleto humano vivo traçava um cenário macabro. O interesse pelo atravessamento dos corpos opacos proporcionado pelos Raios X constituiu, assim, uma revolução não apenas técnica, mas também cultural, influenciando fortemente o imaginário literário e artístico ocidental. Augusto Bobone [1852-1910] e a sua Caixa de Raios X, com temas tão variados como uma chave, um osso ou um peixe, evidenciam, na viragem para o século XX, as possibilidades da relação entre ciência, fotografia e arte. [Margarida Medeiros


Livro publicado por ocasião da exposição «Augusto Bobone. Foto-radiografias, 1896», apresentada no Espaço Curto Circuito / arte-tecnologia, Museu da Eletricidade — Fundação EDP de 4 de Julho a 28 de Setembro de 2014.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

«A Papisa Joana», de Emmanuel Rhoides

A Papisa Joana 

(segundo o texto de Alfred Jarry) 
Emmanuel Rhoides 



Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes 

ISBN: 978-989-8566-51-5 

Edição: Julho de 2014 

Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros 
Formato: 14,5x20,5 cm (brochado, com badanas) 
Número de páginas: 192


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Emmanuel Rhoides (1836-1904) tinha nascido nas Cíclades, já iam quarenta e um anos, e não eram alheios à sua erudição os privilégios de um filho de embaixador que vivera em Génova, estudara literatura, história e filosofia em Berlim, levara a sua curiosidade arqueológica ao Egipto e aos restos da civilização dos faraós: tudo evidências de um bom tempo mais tarde enegrecido com o desastre financeiro dos Rhoides, o suicídio de um irmão importante como sustentáculo da família arruinada, a sua demissão do lugar de director da Biblioteca Nacional da Grécia (por causa de panfletos políticos que incomodavam o poder de Atenas), aquela esclerose dos tímpanos que nenhum médico conseguiu travar antes da surdez. Em 1904 a morte levou-o em pobreza e nostalgia; e cortava-o, sexagenário, da Grécia terrena que ele tanto tinha querido amar. A Papisa Joana («romance histórico», como lhe chamou) continua a fazê-lo pai do melhor texto ficcionado até hoje escrito sobre o que parece supremo embaraço para uma regra central da religião de Roma e causa de uma das agitações que entretiveram os meios literários do século XIX. Acrescentou-lhe dois títulos, nenhum deles ficção (Parerga em 1885 e Ídolos em 1893), hoje nas penumbras da literatura grega embora reconhecidos como brilho forte da sua erudição.
A papisa [Joana], que no século XIX teria podido vir a exemplo para defesa dos direitos da mulher aos lugares «masculinos» que lhe estão vedados, só foi em Rhoides (ortodoxo ferido pelos cultos degradados e supersticiosos dos cristãos) um mergulho nas águas medievais onde as religiões do Cristo viveram os mais negros dias da sua história. Fê-lo com ironia e sedução verbal, arrastando até à luz uma das suas lendas ou realidades mais incómodas — o supremo ataque contra a exclusividade masculina defendida pela interpretação autoritária dos textos sagrados. E levou a termo uma cruzada de ironização de bulas e relíquias, de baixas formas de fé que existiam e persistem nos permissivos tiques da religião popular, as que se nomeiam com o pejorativo da palavra «crendices». Talvez com espanto do autor, a recuperação de uma «verdade histórica oculta pelo Vaticano», e através dela o exercício de «uma análise crítica do vinho religioso que na Idade Média os povos do Ocidente bebiam nas bulas dos taberneiros de hábito», acertou em cheio num escândalo. Espalhou-o na letra de muitos exemplares vendidos, fez exaltar ânimos, alvoroçar autoridades, e provou sobretudo que a papisa continuava incómoda e era a lenda menos lendária das religiões do Cristo. [Aníbal Fernandes]

sexta-feira, 11 de julho de 2014

«O que é Poesia?», de Sousa Dias

O que é Poesia?
Sousa Dias

ISBN: 978-989-8566-60-7

Edição: Julho de 2014

Preço: 9,52 euros | PVP: 10 euros
Formato: 14,5X20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 80

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Poesia, função da linguagem e não do vivido — mas arte do silêncio e não da palavra — o paradoxo da criação poética: dizer o indizível — todo o poema diz a sua própria impotência, sendo este o seu incomparável poder — Ruy Belo e o bilinguismo formal da poesia — verdade poética e verdade lógica: o excesso de ser no ser ou o real para lá do real — o exemplo do lirismo: não há poesia subjectiva — o poema, linguagem fora de si: heterogénese da língua como pintura e como música — a questão da imagem poética: estatuto ontológico, e não literário, dessa imagem — não há metáforas na poesia, a poesia é anti-metáfora — Herberto Helder e Manuel António Pina como exemplos da não-metaforicidade da poesia — porque é que raros autores que publicam poemas podem considerar-se poetas. 


«Um poema é sempre mais do que um poema: é uma poética, uma ideia de arte poética. Cada poema é já um conceito do poético, já uma resposta à questão: o que é a poesia? Não há como os poetas para nos dizer o que poesia quer dizer, mas é nos próprios poemas —na noção implícita de poema, ou eventualmente explícita em termos ainda assim (meta)poéticos —que se encontra o pensamento «estético» dos poetas. É com efeito frequente os poemas de um poeta serem tudo o que ele pensa, tudo o que ele escreve, «sobre» poesia. «Pergunto como se escreve o poema? E a resposta possível / é escrever o poema» (Nuno Júdice, O estado dos campos). Sucede no entanto um grande poeta escrever textos de teoria ou de crítica literária que de certo modo fazem parte da sua obra poética, na medida em que constituem a auto-expressão teórica dessa obra, ou a sua passagem para um plano de doutrina estética. É o caso entre nós, de todos o mais conhecido, de Fernando Pessoa. Mas é também o caso, por exemplo, de Ruy Belo.» [Sousa Dias]

Sousa Dias nasceu no Porto em 1956. Professor. Publicou, entre outros livros, Lógica do acontecimento — introdução à filosofia de Deleuze, Questão de estilo (colectânea de textos de teoria da literatura e da arte) e Grandeza de Marx — por uma política do impossível. Tem no prelo Žižek, Marx & Beckett — e a democracia por vir.