quarta-feira, 18 de maio de 2016

A Lenda de São Julião o Hospitaleiro de Flaubert I Amadeo de Souza-Cardoso [edição bilingue: português, francês]



A Lenda de São Julião o Hospitaleiro de Flaubert
Amadeo de Souza-Cardoso

texto de Maria Filomena Molder

edição bilingue (português, francês)

ISBN: 978-989-8834-16-4

Edição: Abril de 2016

Preço: 37,74 euros | PVP: 40 euros
Formato: 22 × 26,5 cm [brochado, com sobrecapa]
Número de páginas: 272, a cores

[co-edição com a Fundação Calouste Gulbenkian]


Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Amadeo de Souza Cardoso 1887-1918», organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Réunion des Musées Nationaux – Grand Palais, em Paris, de 20 de Abril a 18 de Julho de 2016. La Légende de Saint Julien l’Hospitalier é um manuscrito ilustrado de Amadeo de Souza-Cardoso, a partir do texto de Gustave Flaubert, pertencente à colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.

O que é que viu Amadeo na Légende? Viu a vertigem da caça, das aves de rapina, do cavalo e do cavaleiro, da floresta, dos lobos e dos castores, do animal em nós, a atracção pela viagem e pelas armas de guerra (o machado, a espada, a lança, o maço), pelos emblemas, pelos brasões; o horror do incesto, porém, é sobretudo segregado pela cópia secreta e belíssima do texto de Flaubert. Trata-se de uma ilustração em que a cópia se eleva a elemento expressivo pelo desenho das letras, pelos ornamentos que as emolduram, pela plenitude cromática, sem interpretação mimética dos episódios da história, sem extracção de uma metafísica do mal. Amadeo reconduz o texto à maravilha isenta de comentário, não cede à tentação de prolongar os excessos tão bem medidos, e por isso tanto mais terríveis, do conto que tão longe está da lenda medieval. Em um, Flaubert, o estilo da velhice, a formosura sem mácula daquilo a que Hermann Broch chama abstracção, na qual «a linguagem desvela os seus próprios segredos». No outro, Amadeo, as primícias de um estilo daquele que irá descobrir que cada vez mais sabe menos quem é, daquele que reconhece as emoções como a condição de toda a arte, ao mesmo tempo que se abstém de lhes dar livre curso. E aqui incrusta-se indubitavelmente uma interrogação: quem é Amadeo? [Maria Filomena Molder]

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